O que é a estimulação psicomotora, o que ela não é e qual é a sua importância?

A estimulação psicomotora é, em primeiro lugar, o respeito pelo bebé e pela criança, pelo seu desenvolvimento, pelos seus movimentos naturais e pela sua individualidade.

Na exploração e estimulação psicomotora, o bebé é o protagonista das suas acções e das suas conquistas, é o bebé que explora o mundo, que explora as suas capacidades, que segue o seu desejo, que segue o seu ritmo individual. O adulto é apenas uma figura de referência, de segurança e de confiança, à qual o bebé pode recorrer se precisar de apoio ou conforto.

Na estimulação psicomotora, o psicomotricista segue o padrão natural de desenvolvimento, não saltando etapas, nem querendo apressar o desenvolvimento da criança.

De forma lúdica, e levando sempre em conta os interesses e a motivação da criança, como elemento facilitador da aprendizagem, o adulto apenas providencia o ambiente adequado para que ela se desenvolva.

A estimulação psicomotora envolve uma aprendizagem holística e activa, em que a criança experiencia conceitos simples e complexos, faz experiências, aprende ciência, matemática, escrita e leitura, sempre pela experimentação, com o seu próprio corpo, com as suas mãos, com os seus pés, com todos os seus sentidos. Envolve observar, tocar, explorar. Envolve uma aprendizagem activa, vivenciada.

Nas aulas de estimulação psicomotora da Terra do Nunca é isto que fazemos: oferecemos ao bebé é à criança oportunidades diversificadas de aprendizagem, desafios no seu ambiente para que a criança os possa explorar, num ambiente seguro e potenciador, e seguindo sempre, sempre os seus interesses e o seu ritmo.

Quando falamos sobre o que a estimulação psicomotora é, é inevitável e muito importante falarmos também do que ela não é.

Porquê? Porque ainda há o preconceito de que a estimulação vai acelerar um processo natural, ou que vai tornar a criança dependente do adulto para todas as suas conquistas, ou que vai frustrar a criança por não conseguir corresponder ao que é exigido pelo adulto. Será que isto faz algum sentido?

Vamos lá então, agora, saber – e podem ter a certeza que não vos mentimos – aquilo que a estimulação psicomotora NÃO É:

A estimulação psicomotora não é obrigar o bebé a adoptar posições com as quais ele se sente desconfortável. Também não é fazer o trabalho pelo bebé, ou pela criança. Não é passar etapas, exigir que a criança faça coisas para as quais não está preparada, nem colocar na posição de sentado um bebé que ainda nem segura a cabeça. Também não é colocar um bebé em posição bípede, quando ele ainda não consegue colocar-se de pé sozinho. Não é pedir a uma criança que faça cálculos, quando ele ainda não conhece os números e não tem noção de quantidade. Não é brincar a saltar como o macaco, quando a criança ainda não adquiriu equilíbrio para o fazer. Não é brincar com bonecas e recriar histórias, quando a criança ainda não possui maturidade cognitiva para brincar ao faz-de-conta.
A estimulação psicomotora não é ginástica, não é estupidificar o bebé nem é considerá-lo inútil e incapaz.
Não é fazer pela criança algo que ela já consegue fazer sozinha. Não é cumprir o objectivo por ela.
Não é frustrar a criança porque ela não consegue fazer o que o adulto espera dela.

A estimulação psicomotora é relevar os pontos fortes da criança. É valorizar o que a criança consegue fazer e tem o desejo de fazer. É aprimorar, e melhorar, e atingir níveis de performance mais elevados nas tarefas que a criança já realiza com sucesso.

Para quê? Para que a criança se sinta mais predisposta e melhor preparada para realizar as restantes milhares de coisas que a vida, de tão boa que ela é, ainda tem reservadas para aquele ser pequenino aprender.

Então e quando nos dizem coisas como:
“O meu filho é muito inteligente, não precisa de estimulação.”
Ou…
“Os bebés saudáveis não devem ser estimulados.”

Será? Será que, quando o bebé é saudável, não precisa de estímulos para se desenvolver?
A resposta mais verdadeira, rápida e sucinta é esta: SIM, precisa.

Mas porquê? Para quê?

Então, imaginemos a seguinte situação:
Tiramos o bebé saudável de dentro da barriga da mãe e o colocamo-lo numa caverna escura. A função do adulto cuidador é apenas providenciar alimento.

O que vos parece que acontecerá?

Pois é. É factual: ele não se vai desenvolver corretamente. Mesmo sendo, ao seu nascimento, um bebé saudável. Porque o bebé precisa do ambiente correcto para se desenvolver. Precisa dos estímulos correctos para se desenvolver de forma saudável.

Mas, estimular o bebé não é “fazer exercícios cansativos” com o bebé. Não é enchê-lo de informação. Não é manipulá-lo.

Mas também não pode ser deixá-lo em auto-gestão.

Quando falamos em estimular o desenvolvimento do bebé da forma correcta, falamos em proporcionar os estímulos correctos para que ele cresça no seu maior potencial, no seu melhor potencial.

Quando dizemos às nossas famílias para colocarem o bebé no chão, permitir que ele vivencie várias posições e movimentos, que explore vários odores, várias melodias, várias texturas, que tenha os brinquedos adequados, que estes sejam colocados em locais específicos, … nada disto é um exercício para o bebé. Não estamos a forçá-lo. Estamos a proporcionar-lhe um ambiente mais adequado para que ele se desenvolva nas suas melhores potencialidades, dentro do quadro saudável que ele tem.

Sim: o bebé saudável também precisa de estímulos.

Ficou claro?

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